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terça-feira, 27 de outubro de 2009

Laranja Mecânica

No final do livro “Laranja Mecânica” o druge mor Alex diz achar que está crescendo. Já até comentei esse trecho aqui, em outro post. Mas lembrei dele novamente hoje. Porque vi o filme na semana passada (finalmente, depois de um tempo que li o livro). E porque novamente chego a essa conclusão: estou crescendo. Por isso que tenho notado tanto todas as mudanças que vem acontecendo nos últimos tempos.

Não sei se gosto de mudanças, nem mesmo quando as peço ou provoco. Tenho aquela mania que quase todo ser humano tem: fazer o novo ficar velho, para me acostumar com ele. Nesse esforço, tenho medo de perder o que o novo traz. Não sei se me fiz entender... rotina, rotina.

Sou medrosa. E odeio isso. Às vezes tenho crises de tristeza, ou de nostalgia, e choro. Tenho chorado bastante, mas não pense que isso é só ruim. É até muito mais positivo, sabe? Lavar a lama de dentro pra fora é bom, e deixa o olhar para o mundo mais nítido.

As rasteiras ainda não acabaram, mas agora começo a procurar lugares mais macios para cair. Já repeti aqui ad infinitum que gostaria de ser diferente em inúmeras características, e sempre me bato com elas. Não vou falar disso hoje de novo.

O certo é que estou me recuperando dos últimos baques, quase pronta pros outros que ainda virão. Talvez esteja ficando mais equilibrada, talvez esteja mesmo crescendo, talvez esteja cansada de dar murro em ponta de faca (só não cresço pros lados, esse ponto tá difícil!! hehe).

Queria ter minhas respostas. Ao mesmo tempo, sei que a vida tem graça porque nós não temos as respostas. Mal comparando, é como algumas matérias da Superinteressante, ou mesmo capítulos da Bíblia, ou ainda as previsões do Nostradamus: não existe uma resposta pronta e acabada, tudo pode depender que quem vê. Tudo tem mais de um lado.

Aqui em São Paulo acabei vendo o melhor e o pior das pessoas. Encontrei anjos pelo caminho, descobri coisas tristes. Graças a Deus o saldo ainda é positivo. O trabalho é divertido, mesmo mudando pra uma rádio que não tem nada a ver comigo, e estou procurando me divertir com isso também... e não é que estou conseguindo?

Sou uma animalzinho sentimental e ...bobo. E por isso, mesmo quando estou triste, ou em crise, aproveito ao máximo os sentimentos. Mesmo os que me fazem mal. Pode parecer loucura... não é. É meu jeito de aprender com eles. Dói, cansa, causa rugas, cabelos brancos e rosto vermelho e molhado. Efeitos colaterais de um remédio, que não importam desde que o tratamento faça efeito.

Agora, poeta novo, por assim dizer: José Saramago.

Poema à boca fechada

Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Necessidade, vontade, desejo...

Oi, pessoas que me acompanham. Não, esse post não é sobre nada disso que vocês estão pensando. Sim, estive sumida essa semana, mas foi por boas causas... estive de papo com pessoas que adoro, estive ocupada com planos, preocupações... como já disse aqui, me ocupo. E esses dias me ocupei tanto que nem tive tempo de dar toda a atenção que poderia para todos, mas, enfim, a vida segue.

Estou em paz comigo neste momento, coisa que é meio difícil, e que pode desmoronar de uma hora pra outra, por um detalhezinho besta. Algumas coisas não mudam por mais que você queira, e um dos meus defeitos é não saber ter meio termo. Outro é me cobrar demais. Me cobro em todos os sentidos, em diversos momentos da vida.

Até preferia ser diferente... mas, sabe? Uma vez vi uma frase que dizia para não tentar mudar todos os seus defeitos, porque você não sabe em qual deles está apoiada sua personalidade. É por aí, mesmo.

Ainda estou descobrindo verdades sobre mim, sobre outros... nem sempre coisas positivas, nem sempre que me deixam feliz. Roubando o bordão de um amigo, estou acreditando no mundo, agora. Não que eu tenha que me submeter, mas acredito nele agora mais que antes, e isso veio com meu crescimento nos últimos tempos. É difícil crescer, mudar, tomar decisões que afetam a sua vida e a dos outros. Porém, por nada nesse mundo devemos nos furtar de tomá-las. Não podemos nos dar esse luxo, não mesmo.

Eu quero morar sozinha. Quero mandar na minha vida. Cansei de dar satisfações o tempo todo pra pai e mãe, já passei da idade. E talvez as coisas estejam se encaminhando para que isso aconteça logo. Mesmo que não dê tudo certo, não vou mais mudar essa idéia, que aliás me acompanha desde que eu era pequena. Nunca, nunca mesmo quis sair de casa para casar, acho isso muito... sem imaginação. Qual é a graça de não enfrentar o mundo sozinha? De não dar a cara para bater? Não recrimino quem pensa diferente, mas não entendo. Juro que não entendo quem quer ficar na casa dos pais até arranjar marido/mulher.

Eu já podia estar casada nesse momento. Já podia estar morando com meu futuro marido, mas não quero isso agora pra mim. Preciso de um tempo sendo eu, sem mãe/pai ou responsável. Preciso ser responsável por mim. Preciso me matar de trabalhar pra pagar minhas contas. Preciso acordar cedo e ir domir tarde, como fazia em 2007, mas agora sem ninguém pra me mandar dormir. Preciso de um espaço, nem que seja emprestado. São minhas necessidades básicas: ser mais livre, mesmo que pra isso tenha que perder algumas facilidades e liberdades.

Não digo que vai ser fácil, aliás, "nobody said it was easy"... vai ser bastante difícil no começo, e depois, não tenho ilusões a esse respeito. Mas até prefiro assim.

Torçam por mim, que eu quero mesmo mudar de rumo.

"Reticências

Arrumar a vida, pôr prateleiras na vontade e na ação.
Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado;
Mas que bom ter o propósito claro, firme só na clareza, de fazer qualquer coisa!

Vou fazer as malas para o Definitivo,
Organizar Álvaro de Campos,
E amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem — um antes de ontem que é sempre...
Sorrio do conhecimento antecipado da coisa-nenhuma que serei.
Sorrio ao menos; sempre é alguma coisa o sorrir...
Produtos românticos, nós todos...
E se não fôssemos produtos românticos, se calhar não seríamos nada.
Assim se faz a literatura...
Santos Deuses, assim até se faz a vida!

Os outros também são românticos,
Os outros também não realizam nada, e são ricos e pobres,
Os outros também levam a vida a olhar para as malas a arrumar,
Os outros também dormem ao lado dos papéis meio compostos,
Os outros também são eu.
(...)
E o meu sorriso, que ainda não acabara, inclui uma crítica metafisica.
Descri de todos os deuses diante de uma secretária por arrumar,
(...)
E com esta imagem de qualquer outro poeta fecho a secretária e o poema...
Como um deus, não arrumei nem uma coisa nem outra..."