No final do livro “Laranja Mecânica” o druge mor Alex diz achar que está crescendo. Já até comentei esse trecho aqui, em outro post. Mas lembrei dele novamente hoje. Porque vi o filme na semana passada (finalmente, depois de um tempo que li o livro). E porque novamente chego a essa conclusão: estou crescendo. Por isso que tenho notado tanto todas as mudanças que vem acontecendo nos últimos tempos.
Não sei se gosto de mudanças, nem mesmo quando as peço ou provoco. Tenho aquela mania que quase todo ser humano tem: fazer o novo ficar velho, para me acostumar com ele. Nesse esforço, tenho medo de perder o que o novo traz. Não sei se me fiz entender... rotina, rotina.
Sou medrosa. E odeio isso. Às vezes tenho crises de tristeza, ou de nostalgia, e choro. Tenho chorado bastante, mas não pense que isso é só ruim. É até muito mais positivo, sabe? Lavar a lama de dentro pra fora é bom, e deixa o olhar para o mundo mais nítido.
As rasteiras ainda não acabaram, mas agora começo a procurar lugares mais macios para cair. Já repeti aqui ad infinitum que gostaria de ser diferente em inúmeras características, e sempre me bato com elas. Não vou falar disso hoje de novo.
O certo é que estou me recuperando dos últimos baques, quase pronta pros outros que ainda virão. Talvez esteja ficando mais equilibrada, talvez esteja mesmo crescendo, talvez esteja cansada de dar murro em ponta de faca (só não cresço pros lados, esse ponto tá difícil!! hehe).
Queria ter minhas respostas. Ao mesmo tempo, sei que a vida tem graça porque nós não temos as respostas. Mal comparando, é como algumas matérias da Superinteressante, ou mesmo capítulos da Bíblia, ou ainda as previsões do Nostradamus: não existe uma resposta pronta e acabada, tudo pode depender que quem vê. Tudo tem mais de um lado.
Aqui em São Paulo acabei vendo o melhor e o pior das pessoas. Encontrei anjos pelo caminho, descobri coisas tristes. Graças a Deus o saldo ainda é positivo. O trabalho é divertido, mesmo mudando pra uma rádio que não tem nada a ver comigo, e estou procurando me divertir com isso também... e não é que estou conseguindo?
Sou uma animalzinho sentimental e ...bobo. E por isso, mesmo quando estou triste, ou em crise, aproveito ao máximo os sentimentos. Mesmo os que me fazem mal. Pode parecer loucura... não é. É meu jeito de aprender com eles. Dói, cansa, causa rugas, cabelos brancos e rosto vermelho e molhado. Efeitos colaterais de um remédio, que não importam desde que o tratamento faça efeito.
Agora, poeta novo, por assim dizer: José Saramago.
Poema à boca fechada
Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.
Perda total: a revolução dos órgãos
Há 4 meses
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