quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Cisne Negro


Já falei aqui que tenho ficado muito chata com filmes. Poucos me deixam totalmente arrebatada quando saio do cinema, ou quando assisto em casa. Já citei alguns, como "Bastardos Inglórios", "Queime depois de ler", "Tropa de Elite 2", "Vicky Cristina Barcelona"... Outros não citei por esquecimento, como "Mary e Max", "Batman - o Cavalheiro das Trevas" e "Quem quer ser um milionário?"; outros por serem mais antigos, como "Matrix" (o 1, o único que eu vi; não quero ver os outros), "Advogado do Diabo", "O Poderoso Chefão". Pois bem - vi mais um desses filmes: Cisne Negro.

Em muitas medidas me lembrei da sensação de assistir “A Origem”, principalmente pelo jeito que eu saí da sala de cinema. Eu saí em catarse, atordoada, pensando naquele final, na história que levou àquele final, no Lago dos Cisnes (tema da apresentação da companhia de balé da qual Nina Sayers, personagem da Natalie Portman, faz parte). Saí sabendo apenas que tinha amado o filme, descobrindo isso no instante em as luzes se acenderam. E que teria que pensar muito nele ainda.


Resuminho do filme - a personagem principal é Nina Sayers, bailarina da companhia de balé de Nova York. O diretor da companhia, Thomas, está à procura de um novo rosto para sua encenação do Lago dos Cisnes. Nina é perfeita para o cisne branco, a princesa aprisionada numa ave e que se apaixona pelo príncipe. Mas Thomas (e todos nós, assistindo as atitudes de Nina) duvida da capacidade dela para assumir também a personalidade da irmã gêmea, o cisne negro, que na história trai o branco e rouba seu amado. Em meio a isso, acompanhamos Nina tentando se transformar em outra pessoa, impedida quase sempre pela mãe, ex-bailarina frustrada e que trata a filha como criança. E, para dar ainda mais pressão a meNina, aparece a rival, Lily, muito mais solta, mais sensual, tudo o que ela não é.

O filme é um pouco “ame-o ou deixe-o”. Você pode sair do cinema como eu saí, ou pode achar um filme “ok, legal, com efeitos bonitos”. Ou até não gostar dele em absoluto.

O tempo todo somos levados a ver a história pelos olhos de Nina, e nos deixamos perder na mente perturbada dela, sem saber ao certo o que é real. Ela é uma criança, uma pré-adolescente aprisionada pela mãe, que não permite que ela cresça. Ela é uma maníaca pela perfeição, com TOCs como deixar os objetos alinhados. Ela é uma personagem incrível, e eu me peguei torcendo muito por ela, mesmo que às vezes tivesse vontade de dar-lhe uns tapas pra ver se ela acordava.


Vamos descobrindo Nina junto com ela mesma, vamos nos afundando, nos tornamos cúmplices. Os cisnes vão se misturando à Nina. Ficamos com medo do que a obsessão pela vontade de mudar e ser perfeita para o papel pode causar à Nina. E, no final, compartilhamos o destino, quando os cisnes e Nina são finalmente redivididos. O filme é inteiramente simbólico, usa reflexos em espelhos, delírios, disputas veladas e nem tão veladas, para nos envolver, confundir. E consegue, se você se permitir levar pela história aflitiva, pelos caminhos tortos escolhidos pelo diretor.

O Cisne Negro não vai conseguir bicar "A Rede Social", ou "O Discurso do Rei", no Oscar deste ano. Mas merecia, tanto quanto "A Origem". Pelo menos Natalie Portman vai sair com a estatueta, pensou eu. Veremos.

2 comentários:

  1. É um filme que me deu afliação do começo ao fim, mas pra mim deveria ser considerado o melhor do ano, ou então ter perdido para A Origem, nunca para O Discurso do Rei. Mas, azar da academia que não o consagrou. Pra mim, foi fantástico!

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  2. Realmente senti o mesmo: há tempos eu não saía da sala com um monte de ideias na cabeça provocadas pela experiência bombástica do filme (e que cena final hein?). Sobretudo pela mudança de pensamento na poltrona, quando pensei que o filme cairia para o clichê "menina que quer o papel principal e para isso sai com o professor de balé". Mas o filme foi além. Falou de nossos desejos e dos extremos que somos capazes de chegar para alcançá-los. A grande vilã era a mãe da jovem, na minha opinião. Odiei ela!

    Legal a comparação com "A Origem" (eu não tinha atentado para isso). Mas não concordo com o Bruno de que "A Origem" seja páreo para o prêmio. Era mais "127 Horas" ou "O Vencedor" até. Mas me senti feliz de ver Natalie levando a de melhor atuação.

    Dos filmes mais legais que vi deste ano que estavam na listinha, acabei nem postando nada do Cisne. Acho que eu tinha tanta ideia, que no final decidi nem escrever. Confuso...assim como efeito que o longa causou. Curti o teu espaço aqui. Vou voltar mais vezes e dar uma bisolhada ehheheh.

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