Sabe o que é olhar para um fundo branco, querer dizer um monte de coisas e nem saber como começar? Sabe o que é se sentir uma pessoa ruim, ruim de verdade, que não merece uma migalha sequer de qualquer coisa? E sabe o que é se sentir meio culpada por algo que você não fez de propósito, e que isso ajudou a causar um abismo?
Se não sabe, saiba que a ignorância é uma bênção. Mas eu prefiro saber. Prefiro ter a experiência, prefiro sinceramente. Nem que pra isso eu precise passar por algum tipo de crise... afinal, passo por tantas mesmo, mais uma, menos uma...
Estava bem, até pensando de forma positiva em algumas coisas imutáveis. Mas algo me fez voltar ao “Seria o Rolex”. Sei o que foi, mas não foi só isso. Tem muitas coisas que eu gostaria de não ter em mim, de não ter feito aos outros, e principalmente de não deixar que os outros fizessem a mim. Sou facilmente atingível, e isso me irrita! Muito!
Eu só sei que não me arrependo dos meus deslizes, só me entristeço com o que eles ocasionaram e ainda podem ocasionar. Não queria ser um agente da erosão que ajudou a desenhar uma espécie de cânion... Não desejei que nenhum dos meus erros machucassem outros. I never meant to hurt...
Nunca mais irei deixar de agir da forma que acho melhor por conta das outras pessoas. A não ser em casos extremos. Várias mudanças se operaram em mim, lembram? Essa é uma delas. Não me importa mais se acham que está tudo indo pelo caminho errado. Aprendi a muito custo que minha intuição é a melhor guia... mas mesmo ela precisa de mapas.
Ainda não deixei de me mirar em exemplos próximos. Mas tento entender que nem sempre o que é certo e acabado para alguém também o é para mim. Na maioria das vezes não é.
Tenho medos novos, claro, afinal minha vida está quase toda nova. Medos que vem de noite, do nada, batem à minha consciência e me confundem. Do mesmo jeito que vem, vão. Os medos antigos estão também fortes, mas deles eu sei cuidar...
Não sei quanto tempo algumas coisas vão durar. Por isso, insisto em aproveitar sempre, mesmo sendo chata por isso. Não me importa; se não incomodar demais, continuo.
Desculpem, dessa vez não vou me explicar. Vou tomar emprestado o estilo de um amigo, ou dois, e deixar tudo bem no ar. Entenda quem entender... se não entende, não sabe, lembre-se: a ignorância é uma bênção!
Pra terminar, quero que vocês entendam essas linhas acima mais ou menos da forma que as aqui debaixo são descritas: trecho de “O sim contra o sim”, João Cabral de Melo Neto.
“Marianne Moore*, em vez de lápis,
emprega quando escreve
instrumento cortante:
bisturi, simples canivete.
Ela aprendeu que o lado claro
das coisas é o anverso
e por isso as disseca:
para ler textos mais corretos.
Com a mão direita ela as penetra
com lápis bisturi,
e com eles compõe,
de volta, o verso cicatriz.
E porque é limpa a cicatriz
econômica, reta,
mais que o cirurgião
se admira a lâmina que opera.”
*Marianne Moore é uma poetisa americana
Perda total: a revolução dos órgãos
Há 4 meses
Nenhum comentário:
Postar um comentário